sexta-feira, novembro 25, 2005

Esculturas de areia


Na marginal de uma cidade
O artista esculpia na areia de uma praia sem idade
Sonhos e ilusões que lhe alimentavam a alma
Transformando-as numa verdade
Que maravilhava
Quem por ali passava

Nos morros da cidade meninas e meninos
Vendiam drogas nas esquinas e nas ruas
E delas se alimentavam famintos
Na falta de comida de verdade
De vida e oportunidade

Nessa mesma cidade os turistas passeavam
Absortos e insconscientes
Da verdade que se escondia
Por trás de um samba ritmado
De um chopp gelado
De uma paisagem de retrato
De um sorriso dourado

E ao longe
Lá no cimo do morro
Mais um menino morria
Nas balas cruzadas
De um sonho que morreu
Antes mesmo dele nascer
E amanhecia mais um dia
de violenta realidade
Na cidade Maravilhosa

E como tão bem dizia o poeta:
Tome-se um homem,
Feito de nada, como nós,
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.
Serve-se morto.
"Reinaldo Ferreira"

4 Comments:

Blogger Carla said...

A realidade dos nossos dias...
Bjx

5:06 da tarde  
Blogger Que Bem Cheira A Maresia said...

É uma triste realidade :(

Bom fim de semana

Beijo da Lina

3:34 da tarde  
Blogger lena said...

tão real como o que vivemos hoje
e como Reialdo Ferreira tão bem descreve

beijinhos meus

lena

5:08 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ninguém faria uma descrição melhor que esta dos nossos dias!
Boa visão da infeliz realidade que temos!

Beijos

7:46 da tarde  

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