sábado, janeiro 28, 2006

Eu, tu, nós



















Sentada numa rocha sobre o mar
Via o sol nascer imponente e iluminado
O dia tomava conta da noite
Numa profusão de sons, cores e cheiros
Mas na minha alma imperava a solidão
Em tons de negro e cinza

Olhava o céu em cores de arco-íris
Que se espelhavam no mar chão
Olhava as estrelas a desaparecer
A luz da lua a esmorecer
As gaivotas a despertar em miados soltos
Que angustiavam a minha alma
Acabavam com a calma
Tanto procurada
E aqui encontrada

Olhava a beleza do que me rodeava
Mas na minha cegueira de alma
Não via nada à minha volta
Estava fechada ao sonho e à beleza
Num adormecer de quereres que me invadiu
No dia em fugiste de nós
E me deixaste assim só e sem vida
Que não as lembranças e as memórias
De ti, de mim e de nós

Senti uma mão no meu ombro
Sacudi a cabeça para afastar a ilusão
Mas o sonho transformara-se em realidade
E tu ali ficaste a meu lado
Um sorriso aberto, um olhar profundo
Que me dizia mais que tudo
E nesse instante preciso
Numa explosão de cores
A vida voltou a ser uma realidade esfuziante
De sonho, paixão, vontade, partilha e desejo
E nesse instante em que me tocaste
Despertei para o que tinhas adormecido em mim

Eu, tu e nós
E novamente me senti eu, inteira e plena
Nos teus braços e no nosso sonho

terça-feira, janeiro 24, 2006

Sinto-te sempre em mim



















Eu sei que é hora de esquecer
De te deixar
De perder
E abandonar
O sonho de te ter

Eu sei sim...há tanto tempo
O que devia fazer
Mas não sei nem mesmo querer
Tirar-te de dentro de mim

Ouves a música?
Ela diz tudo
Oiço a tua voz no vento que sopra
Sinto o teu cheiro no ar que respiro
Sinto-te em mim, entranhado na pele
Toco-te mesmo sem te ter
Tenho-te sem estares presente
E mesmo ausente estás sempre aqui

Sonho contigo
E nos meus sonhos
Estendo a mão e toco a tua boca
Que amo de paixão
Perco-me nesses teus olhos que tanto quero
Abandono-me no teu envolver que tanto procuro
Desejo-te num querer interminável
Que me queima a pele

Ouves a música?
Não deixes morrer o sonho
Não deixes acabar a esperança
Devolve-me a alma perdida
Trás-me de volta o sonho
E vem com ele também
Aqui...para perto de mim

E se não vieres
E se tiver que te esquecer
Mesmo assim
Não vou conseguir
Tirar-te de dentro de mim
Desentranhar-te da minha alma
Arrancar-te do meu sentir

E mesmo que parta ao encontro de outro querer
Eu sei que tu ficarás para sempre aqui
Em mim

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Hoje apetece-me...tu




















Apetece-me encostar-me a ti
Assim por trás
Sentir o calor da tua força
A vontade do teu desejo
O contorno do teu corpo
Desenhá-lo com os dedos
Levemente, lentamente
Como tanto gostas

Hoje apetece-me sentir-te assim
Forte, quente, meu
Partilhar contigo carinho
Vontades, sonhos e desejos
Assim, mergulhada em ti
Sentir o teu cheiro e a tua vontade
De mim...

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Só tu despertas















Olhas-me nos olhos
Desnudas-me a alma
Tiras-me a calma
Como só tu consegues fazer

Olhas-me intenso e com paixão
E um calafrio percorre-me
De alto a baixo
Forte e arrebatador
Como só tu consegues provocar

Olhas-me e sorris
E o arco-íris instala-se em mim
Transformo-me num ser de cor e emoção
O sol brilha em tons de paixão
O sonho renasce
O desejo acorda

Olhas-me bem fundo nos olhos
E acendes em mim a fome do teu ser
Aproximo-me de ti devagar
Aproximo os olhos dos teus
E mergulho neles
Finalmente viva e acordada
Para ti

Porque só tu consegues em mim
Despertar a vida e a paixão
De forma tão intensa e perturbadora
E provocar em mim a tristeza e a desistência
De forma tão intensa e demolidora

Só tu....
Olha-me mais uma vez
Deixa-me perder em ti
Deixa-me ser....eu

segunda-feira, janeiro 16, 2006

O beijo à distância




















Levemente encostei os lábios nos teus
Assim como se fosse uma brisa de vento
Afaguei-te os lábios com os meus
Lentamente, delicadamente, com toda a minha sede de ti
Beijei-te com a saudade da tua ausência
E a vontade do meu imenso querer

Senti-te estremecer num calafrio
Que te deixou inquieto e pasmo
Um tremer de lábios intenso
Que te atiçou a alma e te tirou a calma

Vi-te levar a mão aos lábios
Num desassossego inquieto
Vi-te morder o lábio com força
Na lembrança de outros beijos
Vi-te abanar a cabeça de descrença
Num momento de deja vu

Vi os teus olhos escurecer de saudade
Vi-te passar as mãos pelo cabelo, confuso e triste
E fechar as mãos com a força da vontade
Do desejo desperto
Da nostalgia do ter perdido
Da mágoa do amor agora adormecido

Sorri ao longe,um sorriso triste e matreiro
Encostei a cabeça ao vidro gelado da janela
E na força do pensamento
Beijei-te uma e outra vez
Com a certeza de que o desejo
Despertou e tomou conta de ti
E que a minha presença no teu eu
Ficou mais impregnada e profunda
Do que se eu estivesse aí
Ao pé de ti

O toque leve da brisa nos teus lábios
Fez-te perder a razão
E mergulhas-te irremediavelmente
Nas memórias de nós dois
E foste meu...mais uma vez

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Mascaro-me e escondo




















Mascaro-me de cores vivas e alegres
Para esconder o cinzento do meu ser
Ponho a máscara da alegria
Para esconder a tristeza do meu eu
Ponho a máscara da descrença
Para fugir à certeza que te perdi

Ponho a máscara que me esconde os pensamentos
Passo a imagem da leveza
Para disfarçar o peso da solidão
Solto uma gargalhada intensa
Para abafar o choro que teima em se soltar

Escondo o que penso por trás
Da uma máscara colorida e alegre
E por trás da máscara que uso
Faço de mim um ser oco de sentimentos
Vazio de alma
Perdido de vontades
Desistido de desejos

Não deixo que ninguém a tire
Porque um dia a coloquei por ti
Não deixo que ninguém a arranque
Porque um dia a colei na alma
E passei a existir mascarada
Para esconder
O vazio da existência sem ti...

terça-feira, janeiro 10, 2006

O cheiro do teu lençol


















Desesperadamente agarrei-me ao lençol
Sentada na cama desalinhada
Pelo meu sonhar e recordar
Aquela mesma cama onde tu estiveste
E onde me amaste descontrolado
Em tardes de verão intermináveis

Agarrei-me ao lençol sentindo-lhe o cheiro
O teu cheiro que já ali não existe
Mas que em mim está vivo e presente
Num atordoamento demente
Que me deixa prostrada e triste

Aquele cheiro que me inebria os sentidos
Que me desperta os desejos
Que me instiga à paixão
Que me acorda a vontade
De te ter sem limites de imaginação
Aquele cheiro...
O cheiro de ti
O cheiro de nós
O cheiro de vontades partilhadas
De desejos aplacados
De momentos cumplices
E silêncios consentidos

Os vestígios do teu cheiro e sabor
Despertam-me no corpo a vontade
Roubam de mim a alma e a razão
Invadem-me de desejo e paixão
E me fazem desaguar num mar de saudade

Agarro o lençol com as mãos fechadas
Limpo a cara molhada
E fecho a alma aos sentimentos
Guardo este lençol que já foi palco do nosso querer
Numa mala onde guardo os sonhos terminados
Fecho a mala e com ela o meu ser
Porque sem ti em mim
Sou alma vazia e corpo oco e sem sentido
E porque sem ti aqui
Não sei o rumo nem o caminho da vida

Fecho-me ao sonho e ao que me rodeia
Sou ser vazio que sozinho vagueia
Na procura da alma e do querer viver
Que de mim fugiram quando naquele dia
De mim fugiste e a mim deixaste de querer

sábado, janeiro 07, 2006

Morte do sonho
















Sentada numa rocha à beira mar
Ouvindo o bater das ondas
Sentia no rosto bater o vento gelado
À minha volta um nevoieiro denso e cerrado
Envolvia a solidão do meu estar

Ali naquele mesmo local
Partilhei contigo instantes perfeitos
Num encontro marcado
De dois destinos que se cruzaram
Num acaso de um encontro

Sentada ali naquele nosso lugar
Olhava para a estrada
E sonhadora aguardava
O aparecer da tua silhueta
Num caminho que te trouxesse aqui
Junto de mim

Numa data marcada pela imaginação
Num destino tão familiar
Num noite de solidão
Esperava ali junto ao mar
Querendo que a força da mente
Do pensamento
Do sonho
Da esperança e da minha vontade
Te trouxessem para mim

Sentada junto ao mar
Via as pessoas passar
As ondas do mar revolto de inverno
Dilaceradas nas rochas
O dia a correr como a vida
Rápido e sem retorno

E não vieste

E de repente sem avisar
Forte e intensamente
O cansaço instalou-se em mim

Esgotei a vontade de procurar
A esperança morreu lentamente
A tristeza tomou o lugar da minha alma

Senti a morte do sonho e com ele parte de mim
Caminhei lentamente em direcção ao mar
Gelado e negro como eu
Querendo sem conseguir, gelar os sentimentos
Tentando livrar-me de ti
Procurando soltar o que sinto
E afogá-lo nas ondas deste mar

E olhei para o infinito
Onde o mar e o céu se juntam
E nessa linha mutante e imaginária
Que nunca se consegue encontrar
Estava escrito o fim de nós

quarta-feira, janeiro 04, 2006

A chuva e tu













A chuva bate na janela
O vento sussura-me ao ouvido
O teu nome
Num gemido inquietante

Procuro isolar o pensamento
Tirar a tua imagem de mim
Expulsar o som da tua voz
Que vive no meu ser
Fechar os sentidos ao teu cheiro
Ao calor do teu corpo
À intensidade do teu toque
À profundidade
Da cor e da solidão
Nos teus olhos castanhos

Saio para a rua e para a chuva
Deixo-a cair em mim gelada
E ando sem rumo e sem fim
O vento forte bate em mim
E lembra-me a tempestade do teu desejo
A intensidade da tua vontade
A crueldade do teu abandono

Ando só pela cidade
Nesta madrugada fria e bela
Ando só com a saudade
De te ter novamente

Sento-me à beira mar
Ali onde me levaste
Ali onde me beijaste
Ali onde me quiseste
E deixo a chuva cair
E deixo o vento gemer
Apoio a cabeça nos braços
E deixo o meu pensamento voar
De encontro a ti....

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Goodbye my lover















Nestas letras vai assim
Um bocadinho de mim para ti
E mesmo sabendo que não estás
Nem aí
Eu gosto de gostar assim...
De ti

Assim como sou
Como me dou
Como me entrego
Como procuro
Como desejo
Como quero

Mas sabes...
Gosto mais ainda de mim
E nada nem ninguém me fazem perder
A dignidade,o amor próprio e a minha forma de ser

E não deixo que nada nem ninguém
Me magoe repetida e intencionalmente
Como tu
Nem mesmo gostando e querendo
Tão desesperada e intensamente
Nem assim

E o teu eu que eu amo de paixão
É simplesmente minha imaginação
Ou de curta duração

E quando ele parte
Só resta o teu eu de quem não gosto
Aquele que não sabe ser feliz e que mente
Aquele que tem medo de gostar e de querer
Aquele que é ausente e distante

E por isso meu amor
Prefiro desistir
De insistir
No que é inexistente
E partir, fugir,
Sair de leve e devagar
E deixar de estar presente
E continuar a amar ausente
De ti

E espero que um dia não muito distante
Consigas querer e ser feliz
E que ames muito, assim tanto
Como eu gosto de ti
E que esse alguém de ti goste também

Mas aí tem cuidado
Não a trates assim como a mim

Se o fizeres
Só aí e então
Vais entender e descobrir
Porque desisti
De ti


Goodbye my lover