Brumas
Madrugada sem dormir
Espreitei pela janela
Na bruma a lua chama-me
Magnética e misteriosa
Solitária como eu
Saio à rua ao encontro da luz da lua
Sigo o rasto por entre caminhos desertos
Numa noite fria em que o vento murmura gemidos e pedidos
E as nuvens escuras falam de histórias inacabadas
Caminho...lentamente e de destino escolhido
Ao encontro das memórias de noites perdidas
Junto ao mar e à luz da lua
Noites partilhadas e intermináveis
Desertas de mágoa
Plenas de silêncios e cumplicidade
O frio na noite desperta-me
A bruma que me envolve reconforta-me
Porque hoje a minha alma é negra
Plena de saudades e angústias
E no meio da praia escura
Onde finalmente aportei
Sinto-me leve e solto as amarras
Que me prendem à tristeza
E envolvida pela luz da lua
Renasço para as lembranças
E novamente me junto a ti
E sinto em mim
As tuas mãos
No meu ouvido
Os teus múrmurios
E sei...que mesmo longe
Estás aqui comigo
Deito-me na areia
Deixo o mar lavar-me a alma
E com ele vem a calma
Do soltar da angústia
Do acabar do pesadelo
E do chegar do momento
Em que só e plena
Me encontro conosco